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Mostrando postagens de fevereiro, 2025

UMA ILHA DE CURTA-CIRCUITOS

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 UMA ILHA DE CURTA-CIRCUITOS Por Saulo Moreira Crítica a partir dos espetáculos “Between me and you” de Martín Flores Cárdenas (Argentina) e “No hay banda” de Heidi Strauss (Canadá), vistos no 25º Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília Fotografia: Romulo Juracy  O Festival Internacional de Teatro de Brasília – CENA Contemporânea 2024 trouxe produções cênicas que giraram em torno da Memória. Antes de assistir os espetáculos, lembrei e escrevi, como um bilhete endereçado a mim mesmo, aquela frase de Waly Salomão: A memória é uma ilha de edição. O verso do poeta, de alguma maneira, foi um estralo para experienciar os espetáculos “Between me and you” e “No hay banda”. É sobre essas produções que gostaria de falar e também, a partir delas, fazer possíveis contornos sobre memória e suas encenações. Essa crítica é também, em si mesma, um exercício singular de lembrar, esquecer e, entre um lapso e outro, mapear, nas diferenças e similaridades dos espetáculos...

“Atenção, é necessário que eu diga: não teremos ilusão nessa peça”

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  “Atenção, é necessário que eu diga: não teremos ilusão nessa peça” Por Raíssa Frazão Crítica a partir do espetáculo “Farinha com Açúcar”, do Coletivo Solos Negros (DF), visto em novembro de 2024, na programação da Semana Universitária da UnB, no Departamento de Artes Cênicas da UnB. Fotografia: Isaac Batista Durante a Semana Universitária, realizada em novembro do ano passado, tive a oportunidade de admirar o incrível trabalho solo de Gabriel Matos, o ator que nos conduziu, durante 40 minutos, pelo espetáculo “Farinha com Açúcar”. Criada em 2023 pelo Coletivo Solos Negros (projeto de extensão do Departamento de Artes Cênicas da UnB), a montagem é uma releitura da peça “Farinha com Açúcar”, escrita por Jé Oliveira (SP).   “Farinha com Açúcar ou Sobre a Sustância de Meninos e Homens” é uma obra provocativa que aborda, em sua versão original, a construção de identidades masculinas negras na periferia de São Paulo. Em sua primeira montagem, realizada em 2016, o Coletivo Neg...

A sombra da memória

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  A sombra da memória Por Ellen Gabis Crítica a partir do espetáculo “Memória Matriz”, da Cia Lumiato (DF), visto no 25º Cena Contemporânea, no Espaço Cultural Renato Russo. Fotografia: Humberto Araújo e Jéssica Lima O Distrito Federal abraçou novamente o Festival Internacional de Brasília – Cena Contemporânea, na sua 25ª edição, realizada em novembro do ano passado. Os espetáculos foram oferecidos nas cidades administrativas Varjão, Ceilândia e Taguatinga, de forma gratuita, e no Plano Piloto, centro da capital, foram realizados espetáculos pagos.  Trata-se de uma ótima iniciativa para incluir as pessoas das regiões administrativas e uma ótima tentativa de sair da bolha de quem assiste teatro no Distrito Federal, mas me parece que a divulgação no Plano Piloto foi bem mais desenvolvida do que nessas regiões distantes do centro da capital, fazendo com que o público seja menor e permaneçam as mesmas pessoas frequentando o teatro. De qualquer forma, acredito que o Cena Contemporâ...

Quando a memória se inscreve nos corpos

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  Quando a memória se inscreve nos corpos Por Julia Guimarães Crítica a partir do espetáculo “Não me entrego, não”, de Othon Bastos (RJ), visto no 25º Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília Fotografia: Humberto Araújo  O que o teatro, como lugar de composição de uma imagem efêmera, presencial e corporificada, pode nos dizer sobre a memória? Quais conhecimentos ele é capaz de produzir quando se aproxima de uma escrita e elaboração do passado? E o que surge quando tensiona a memória com o espaço/tempo da atualidade? Estas são algumas perguntas que me atravessam depois de vivenciar, ao longo de 10 dias, a programação do festival Cena Contemporânea, realizado entre 5 a 17 de novembro, em Brasília. Moradora da capital do país há menos de um ano, esta foi a primeira vez que acompanhei o festival. E, na minha estreia um tanto atrasada (o Cena Contemporânea celebra em 2024 longevas 25 edições), o que mais me mobilizou na mostra foi perceber as variadas forma...